20101218

Por que as ciências práticas são mais procuradas que as humanidades?

As humanidades somente serão interessantes aos seres humanos todos quando as questões práticas de sua sobrevivência estiverem resolvidas; porque o que interessa primeiramente é sobreviver. 
Assim, quando estivermos todos vivos, seguros e bem alimentados, eventualmente, nos passará pela cabeça perguntar o porquê da necessidade de sobreviver.
E ainda correndo o risco de, a qualquer crise que vier ameaçar nossos pilares básicos (vivência, seguridade e alimentação), todo questionamento “supérfluo” ser imediatamente abandonado.

20101212

Eu Odeio

Je déteste ça = I hate = ich hasse es = Я ненавижу его = Μισώ = 私はそれを嫌う= Jeg hader det = Vihaan sitä = Ik haat het = Utálom ezt = Aku benci itu = Is fuath liom é = Li ddejjaqni = Odi = Ek haat dit = Bundan nefret ediyorum = Nesnáším to = Ja ga mrzim

20100701

Torturas Silenciosas

     Barulho. Taí uma coisa da qual Eu, conscientemente, nunca gostei.
     Não sei porque, mas sinto, hoje ainda mais, que a uma das "grandes coisas" valorizadas atualmente é a capacidade de fazer barulho. Apesar de toda a nossa "civilidade", "boas maneiras", etc, continua valendo a Lei do Grito. Porque para mostrar que sou mais forte que você eu grito, e se você gritar eu grito mais alto, porque então, além de forte, você vê que eu posso estourar meus pulmões mais rápido também.
     Acho que sou uma pessoa antiga nascida no tempo errado. Eu deveria ter vindo uns 40 anos atrás, pra hoje Eu ser um daqueles clássicos idosos reclamões. Mas aí Eu seria mais velho que minha mãe e entraria num tipo de paradoxo que não estou afim de desenvolver discussão agora. Um dia, talvez.

     Mas, afinal, por que tanto barulho? O audível não é mais suficiente? Por que Eu tenho que escutar o mesmo que meu vizinho, dois andares abaixo e uma casa de distância? Por que que EU, estando no meu quarto, tenho que ouvir o mesmo que meu familiar que está no andar de cima? E olha que nem estou falando de preferências musicais (ou falta delas - mais recorrente)!

     Hoje Eu creio que cheguei a um... indício(!) da provável resposta. Digo isso porque me acho Burro. É! Burro! No sentido de Ignorante dos Conhecimentos das Coisas. Não sei até onde vai minha capacidade intelectual (alguém sabe a sua?) mas sei que é insuficiente para saber alguma coisa com Certeza. No máximo, acredita-se em 'algo' até que outro 'algo' se prove mais crível.
     Entretanto, apesar de ser Burro, sempre Me questionei sobre minha Burrice e sobre outras coisas também. Desde que Me lembro (e considero isso uma grande façanha de Minha parte!) Eu desejo saber o "porquê" das coisas serem/acontecerem.
     Sempre quis saber. Sempre Me questionei e questionei outros. Se não questionei mais foi por timidez ou distração. Por isso mesmo sempre fui só. Estava pelos cantos enquanto todos "se divertiam" com as "atividades normais" de todo ser humano. Eu estava pensando.
     Uma frase de uma tia resume bem o pensamento da família a meu respeito: tadinho... (com direito a voz infantilizada - que Eu detesto - muxôxo, cara de pena e pose de "vou te dar uma esmola, cê qué?!").
     Mas seja lá o que for que bateram na minha cabeça, funcionou: Eu passo a maior parte do tempo com  Meus pensamentos (e um ruído chato de gente conversando ao redor, por mais distante que estejam).
     Para Mim, o mais interessante foi achar que Eu tinha uma ótima audição, por isso não suportava ruído, e descobrir, no mesmo instante que minha audição é normal, talvez até com uma tendência precoce à surdez. As informações importantes do dia-a-dia, como onde está o dinheiro de tal conta pra pagar no mesmo dia, são-me passadas quase aos sussurros. Mas a última fofoca da novela ou do bate-boca do vizinho com a esposa, saem anunciando pela casa toda!
     Eu cansei de falar que NÃO Gosto de barulho, que Me desconcentra, Me irrita(!) e ainda provoca outras reações adversas em Mim e nas próprias pessoas ruidosas! Mas...
     Mas hoje, enquanto Eu buscava concentração para estudar Kant (que é um filósofo "facílimo" de entender) ouvia o ruído da televisão num programa que Eu não dou a mínima. Então a pessoa que, supostamente(!), estava assistindo, se arruma, diz que vai sair nem sei pra onde, e sai. E a tv fica ligada em volume suficiente  apenas para ser ouvido do cômodo mais distante da casa (bem perto, uns 8 m em linha reta através do piso de concreto...)
     Como sou Paranóico (além de Burro! Tenho várias dessas "virtudes") abaixo o volume e desligo o aparelho. A pessoa volta alguns muitos minutos depois, liga-o, aumenta o volume para que um eventual pedestre ouça da calçada mesmo (idem), muda a arrumação e torna a sair. Mas como sou Burro! Por que não pensei nisso antes!?? Enquanto estudo e ouço música no computador posso ouvir a novela, já que Eu sentei detrás da tv e não posso vê-la!
     Foi então que refletindo a respeito (já que sou Burro, tenho que pensar bastante até entender mesmo as coisas mais óbvias) percebi que as pessoas de modo geral tem medo de seus próprios pensamentos! Elas tem medo de se descobrirem sozinhas em suas mentes com esse ente sobrenatural que é o Eco da Própria Voz! (medo)
     Esse ser assustador deve ser capaz de coisas inominavelmente abomináveis! Mas ninguém sabe realmente porque estão todos protegidos enquanto mantiverem seu aparelhos de ruído em alto volume para espantar esse ser pavoroso!
     E então confirmei mais uma paranóia minha: Eu sou um psicopata! Claro! Quem mais iria querer estudar no silêncio ou com aparelhos produzindo ruídos audíveis somente a curta distância? (curta distância, para pessoas normais, nesse caso, é algo em torno de 10 cm a 15 cm - é isso mesmo, "cm" de "centímetros")
     Parece até bobagem, não é, escrever tanto para uma revelação fajuta dessa! Eu me sinto bobo agora que escrevi! Mas por favor, compreenda, Eu sou Burro!

20100410

Leve

É bom livrar-se do que há de ruim dentro de mim. Fica a sensação de vazio pleno, mas que não precisa ser preenchido. Sinto-me mais acordado, mais alerta, energizado! Sinto-me leve por saber expulsei um peso que não precisa ficar; cujo destino é seguir.
É bom esvaziar. É bom ficar leve.

20100402

O sentido da vida é dar continuidade a ela

O que somos
Somos conjuntos de muitas características que envolvem corpos, pensamentos e comportamentos.
O corpo é a estrutura material da vida, mas não a define por si somente. Ter um corpo não necessariamente significa ter uma vida. Dada a sua natureza, este é perecível, com “prazo de validade” indeterminado – apenas estimado. E apesar das estimativas serem bastante acertadas, o prazo é curto para fazer tudo que se possa desejar ou que se julgue necessário. Daí a angustia por “aproveitar a vida enquanto se a tem”. Mas, se o corpo, perecível, por si só não define a vida, então isso não estaria realmente significando “aproveitar o corpo enquanto se o tem”?
Pensamento é o nome que damos aos processos mentais que ocorrem em nosso cérebro através das correntes elétricas que disparam sinapses a dentro. Entretanto o pensamento da forma como o entendemos também não define a vida por si só, pois precisa de, ao menos, um cérebro para acontecer. É algo abstrato, mas que se processa em algo concreto. Ainda assim, é “coisa de seres vivos”, uma de suas características mais importantes – principalmente para os seres humanos. Mas já se cogita a possibilidade de uma Inteligência Artificial (I.A.) que pense por conta própria. Teoriza-se que, em dado estágio de conhecimento e interação com os seres vivos a I.A. passaria a tomar decisões e, mais adiante começaria a fazer algo que, atualmente, dizemos ser o que nos diferencia dos demais animais: refletir e questionar. Então, mesmo ainda inexistente concretamente, teoricamente ao menos, máquinas – seres inanimados – também pensam!
Comportamento é o conjunto de ações associadas à cultura de uma espécie particular ou de um grupo dessa espécie. É ainda mais abstrato que o pensamento, visto que independe de qualquer instrumento material (alheio ao próprio corpo do individuo) para se manifestar. O indivíduo pode relacionar-se/interagir com outro(s) indivíduo(s), com o meio ambiente, consigo próprio e com nada. Afirmar que o comportamento não define a vida seria presunção. Afirmá-lo, contudo, seria pronunciar uma inverdade. E isso porque o comportamento é um grupamento de características que, juntas, o definem. Comportamento é atribuído a um corpo ou ao ser que seja possuidor de um. Não necessariamente a um pensamento ou a um corpo que pense. Mas e quanto aos seres que pensam mas não possuem corpo?

De onde viemos
Dos úteros de nossas mães. Da mãe terra. Do barro. Do sopro divino. De Deus. Da energia. Do início.

Para onde vamos
Certamente não podemos voltar ao útero. Mesmo que a mãe ainda esteja ocupando um corpo, há a questão dos tamanhos (do corpo atual e do local de origem). Mas, supostamente, vamos para um lugar escuro, úmido e quente, tal como no útero.
“Do pó vieste, ao pó voltarás.” Todos sabem – embora não gostem de admitir por questões culturais – que o corpo humano é um ótimo adubo e a terra assim adubada produz frutos muito saudáveis e também deliciosos.
Armagedon. O Julgamento Final.
O corpo é matéria. Matéria é composta de átomos. Estes, em sua constituição mais intrínseca são constituídos de energia. Quando para de funcionar o corpo libera o calor que lhe resta. Durante a decomposição, libera outras formas de energia de variados modos.


Vamos para de onde viemos porque somos o que somos
Vamos. Não temos certeza, sequer sabemos para onde, mas vamos. Até o momento, supomos que o destino seja a origem. E vamos porque temos de ir. Ninguém se autorizou a nos mandar ir, mas vamos, por instinto. Simplesmente sabemos que temos que ir. Entretanto, há por trás dessa verdade outra tão certa quanto, geradora de desespero, agonia e diversos medos: nosso caminho termina antes do Fim Definitivo. Nós temos que chegar lá. Nós não chegaremos lá. O que fazer, então? Como garantir que chegaremos lá, ao fim? Simples: vivendo para sempre! Mas o corpo é perecível! Então precisamos de muitos corpos! E como obter tantos corpos? Gerando cópias e treinando-as para serem nós em versões melhores.
Até o Fim Definitivo, quando a vida será exterminada em todas as suas formas, nossa função, nosso objetivo, nossa missão, nosso destino, é dar continuidade a vida para que ela chegue até lá.
Então o que estamos fazendo é simplesmente esperar pelo fim. E enquanto isso, damos continuidade aos nossos próprios(?) projetos durante a execução do Projeto Principal. Ou seja, estamos “passando o tempo” enquanto esperamos.
E Você? Como está a sua espera pelo fim? Você tem passado bem o seu tempo? Tem tido bom aproveitamento do seu corpo? Ou tem se comportado “bem”?

Max-Rocha;
2010-02-27, 333 h